terça-feira, 25 de maio de 2010

Capítulo 4...

SORRY... só agora reparei que o capítulo 5 deveria ser o capítulo 4 :s

tenho andado tão ocupada que não tenho tido tempo de vir aqui.... :P

Beijinhos,
Lils

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Capítulo 5: Descobertas

ESTÁ AQUI

Max estava ao telefone com Jim, o seu jardineiro e um dos melhores amigos.
-Sim, Jim, queria que viesses buscar a minha moto ao Aeroporto. Não, não aconteceu nada, vou de boleia para casa. Obrigado, amigo. És demais. E, lembra-te, para todos os efeitos, eu ia a casa dos meus pais, jantar com eles. Obrigado.
Desligou e pensou que a sua trama tinha dado resultado. Fora apre-sentado à rapariga e, ainda por cima, o Comandante levá-lo-ia a casa.
Claro que não ia jantar com os pais dele, mas tinha de dar uma desculpa para estar a passar pelo Aeroporto.
Certo, ela não era assim tão burra, pensou ele, ao lembrar-se de quando ela falou do carburador, como se fosse uma profissional.
E não era nada feia, riu quando se lembrou daqueles enormes olhos castanhos, cor de chocolate e da maneira como mostraram interesse na sua Harley.
Como reagiria ela quando conhecesse Debbie? Afinal, ela saiu de Portugal por causa do casamento da mãe. Bem, isso não era com ele.
Ele ouviu o barulho do 4X4 do Comandante mesmo antes de o ver. Além de ser parecido com o seu Hummer, havia aquele som característico que só um carro grande fazia.
Prue saiu primeiro e, abrindo a porta da bagageira, inclinou-se lá para dentro. Quando se endireitou tinha um sorriso um tanto vingativo na boca e trazia um vestidinho branco, bastante curto, na mão.
Max ficou a pensar se ela alguma vez o usaria e, então, percebeu que o “pano” seria aquilo. Na versão dela.
Ele não ia deixar que ela estragasse uma peça de roupa como aquela por causa da sua moto.
Por isso, não esperou que eles chegassem à sua beira. Tirou a t-shirt e, pondo mãos à obra, começou a limpar o filtro.
-Max! – Chamou ele. – Podias ter esperado. Eu teria ajudado.
-Já está quase, Comandante. Mas precisava que me desse uma mãozinha aqui. Não consigo segurar e limpar ao mesmo tempo.
Mark ajoelhou-se ao lado do jovem e, com bastante perícia, segurou no filtro do carburador.
Acabaram de limpar o filtro juntos, enquanto Prue estava encostada ao jipe, a conversar com Debbie.
Pelo que Max conseguia perceber estavam discutir livros.
-Adoro um bom policial – dizia Prue.
O vento trazia a Max os sussurros delas e a voz de Prue suave e rouca. Max não notava que estava mais interessado na conversa delas do que em limpar o filtro, mas apanhava cada palavra que elas diziam.
-Ora! Um romance bem escrito é bastante cativante – retorquiu Debbie, com um sorriso malicioso na voz.
-Eu também gosto muito de romances, mas têm de ser muito bem escritos. Aliás, o meu livro preferido é um romance histórico, que quase ninguém conhece, mas…Bolas! É mesmo bom.
-Afinal, qual é o adolescente que gosta de ler, nesta altura? – Perguntou Debbie, como se isso fosse um insulto.
-Que tipo de livros analisas? – Perguntou Prue, realmente interessada.
-Todo o tipo de livro. Incluindo Enciclopédias e coisas parecidas. Mas o que eu mais gosto de analisar é Literatura. Qualquer tipo de Literatura, desde Romance a Ficção Científica, passando por Crime, Policial…Quando tinha a tua idade eu devorava livros, e isso, não se pode dizer que seja uma leitura saudável. Depois, na universidade, aprendi a ler devagar e guardar toda a informação necessária para uma boa crítica.
Max sentiu o exacto momento em que Prue olhou para ele e engoliu em seco.
Certo, pensou Max. O que é que se passa?
Uma ligeira brisa começou a soprar, fazendo o cabelo de Prue esvoaçar à volta dela.
Não era ele, disso Max tinha a certeza. Será que ela estava de algum modo alterada? E se sim, porquê?
Então, Prue desviou o olhar e o vento diminuiu de intensidade.
-Está pronta – disse Mark, levantando-se sem esforço. Ele e Max eram mais ou menos da mesma altura, o que sempre surpreendia o Comandante. – Eu empresto-te o meu casaco.
Ele dirigiu-se ao jipe, tirou o casaco de aviador do banco traseiro e estendeu-o a Max.
Embora não estivesse com frio, era melhor vesti-lo, ponderou Max.
Não era suposto ele andar vestido naqueles propósitos numa cidade como Cravenwoods. Não quando queria chegar intacto a casa.
Max não se achava no direito de ser modesto. Era bom em tudo o que fazia, tinha consciência do quão bonito era. Além dele próprio, algumas raparigas pareciam interessar-se muito com a sua conta bancária e, consequentemente, a dos seus pais.
-Debbie – cumprimentou ele, com um sorriso simpático.
-Max – retorquiu ela, com uma expressão radiante. – Acredito que já conheces a Prue, certo?
-Fomos apresentado – respondeu ele, vagamente.
Entretanto, e para contentamento de Max, Jim apareceu.
Jim era um homem com os seus sessenta anos mas que não os aparentava. Ele tratava dos jardins e dos estábulos de Craven Hall, a mansão de Max, além de ter sido um dos “tutores” de Max.
-Tudo bem, Max? – Perguntou ele, com uma voz forte mas ao mesmo tempo suave, como se tivesse uma gargalhada na boca.
-Tudo, Jim. Mas parece que a minha moto decidiu fazer birra. Achas que a podes levar para Craven Hall?
-Claro que sim – concordou o velho. – Não vais a casa dos teus pais?
-Acho que, pelo menos desta vez, consegui livrar-me deles.
-Olá Jim! – Cumprimentou Mark, alegremente, com uma forte palmada nas costas do velho.
-Comandante – respondeu Jim, com um traço jocoso na voz.
-Como vão os cavalos de Craven Hall?
-Melhor do que nunca – gabou-se o velho. – Pergunte aqui ao menino. Ele apaixonou-se por eles assim que os viu.
-Olha quem fala! – Retorquiu Max, um tanto desconfortável. Poderia achar que não merecia ser modesto mas também não gostava que o elogiassem muito. – Passas mais tempo com os cavalos do que com Kayla.
-Cuidado Jim – avisou Mark, sorridente. – Senão Kayla pensará que a trocaste pelos cavalos.
Jim resmungou baixinho.
-A Kayla sabe exactamente o que significa para mim – respondeu. – Sabe perfeitamente.
Como se só agora as tivesse visto, Jim cumprimentou Debbie e Prue.
-Debbie. E tu deves ser a Prudence – disse ele, com um sorriso na voz. Ouvi-lo falar era como ouvir um pianista a afinar o piano. Com altos e baixos.
-Prue, por favor – pediu ela, com um sorriso agradável. – Suponho que cuida de cavalos há muito tempo.
Ela disse-o de uma maneira tão educada que Max pensou na forma como a mãe dele lhe ralhava quando ele tinha cinco anos. Fria e directa-mente.
Mas Prue era diferente da mãe dele, pensou Max. Completamente diferente.
-Desde que me conheço por gente. Trabalho para a família do Max há mais de cinquenta anos. Gostas de cavalos Prue? – Respondeu ele, com à-vontade.
-Muito – afirmou ela, com um sorriso radiante.
-Lembras-te quando fomos ao Centro Hípico de Nápoles? – Perguntou Mark, com uma gargalhada. – Quis ficar lá até que fomos obrigados a sair porque os senhores queriam fechar. Lembro-me de que montaste uma égua branca e montaste como se tivesses nascido no dorso de um cavalo.
-Agora monto muito melhor – garantiu Prue, com um sorriso. – Dessa vez, chateei tanto a mãe para ela me inscrever numa escola de hipismo, lá em Portugal, que ela me inscreveu mesmo. Estive lá durante três anos.
Max sentiu-se na obrigação de os convidar para sua casa porque queria vê-la a montar. Bem, não era exactamente obrigação porque ele queria fazê-lo. Queria vê-la fazer algo diferente. E queria ver se ela era realmente ágil.
-Mark, Prue, Debbie estava aqui a pensar…e se passassem um dia em minha casa? - Perguntou, deixando Prue espantada. Não estava à espera de tal convite.
Ele percebeu que não estava a ser propriamente bem-educado, mas era algo que não conseguia evitar. Tratava assim quase todas as pessoas.
-Claro! – Concordou Mark com um sorriso cintilante. – Quando te dava jeito?
-Quando quiserem. Que tal amanhã?
-Combinado. Amanhã estaremos em tua casa, digamos, às dez da manhã?
-Pode ser. E assim podem aproveitar o dia. Há muita coisa para fazer.
Outra vez, Max pressentiu uma brisa suave o que era estranho, naquela noite calma. Será ela? Não, não pode ser, ainda é muito cedo.
Ele ignorou a vozinha da sua mente, embora não o fizesse completamente. Teria de pensar nisso mais tarde.
Ficaram todos calados durante alguns minutos até que Prue falou, timidamente.
-Eu tenho fome.
-Não comeste no avião? – Perguntou Mark.
-Pois…comi uma sanduíche à uma da tarde de Londres.
-Há um restaurante de Health Food ali à frente… - disse Max.
-Não é exactamente aquilo que eu estava a pensar – respondeu Prue, com um sorriso tímido.
-Algo mais substancial? – Perguntou Max.
Prue acenou, sorrindo.
-Há um bar fantástico chamado Elton's, onde os hambúrgueres são do melhor que há aqui em Cravenwoods. Com tudo o que desejares e coisas que nem imaginas.
-Mm…isso soa delicioso.
-E sabe muito melhor do que soa – brincou Mark. – Chegamos lá em menos de cinco minutos. E tu vens connosco, Max.
Quando o jovem começou a argumentar, Mark cortou-o.
-Sem hipótese. Vens connosco e está decidido. Jim?
-Não obrigado. A Kayla está à minha espera em casa.
-Tudo bem – concordou o Comandante. – Toca a entrar no carro, meninos.


Este capítulo continua a ser pequeno como os outros, mas prometo que vou pôr os seguintes maiores para compensar. Está difícil vir aqui com as aulas e essas coisas todas...
Beijinhos.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Aviso...

Estou eu aqui... neste momento... no meu estágio...completamente sozinha e abandonada... lool...no atelier de um arquitecto...
:)

Podia dizer que isto é uma seca, e é mesmo... lool, mas se eu tivesse o rascunho na minha pen, tinha começado a tratar da história.

Vim aqui pedir desculpa por não ter postado o capítulo na semana passada, mas a apresentação da maquete e de outros trabalhos para o Instituto não deixou.

Prometo que, juro até, que esta semana vou pôr um capitulo novo, nem que tenha de colar um post-it na testa... :P

beijinhos para todos...

PS não sei quanto a vocês, mas aqui na terrinha está a chover tanto que nem apetece ir almoçar com as amigas... :D mas vou fazer o sacrifício... :D

domingo, 21 de março de 2010

Olá!

Depois de ler os dois últimos comentários achei que deveria agradecer a ajuda. É isso que espero. Não quero que as pessoas simplesmente me dêem palmadinhas na cabeça e digam "muito bem, está tudo muito bem".
Gostava que todos fosse tão sinceros comigo.

Bem, vou realmente mudar o nome do capítulo... para "A Chegada".
A razão para que o capítulo seja pequeno é bastante fácil. Eu tinha o capítulo 2 e o capítulo 3 como um capítulo único e reduzi porque estava realmente muito grande.

Quanto a "fazer" de Dan Brown... não posso falar sobre isso porque só li o Anjos e Demónios e não gostei particularmente, embora não tenha nada contra o autor.

O próximo capítulo sairá brevemente, penso eu. Tenho andado ocupada com o Instituto e com os trabalhos como uma maquete!
Provavelmente sairá esta semana...

Beijos, Lils.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Capítulo 3: A Chegada e a Harley de Max

Cheguei ao Aeroporto de Washington às nove horas, locais.
Desembarquei rapidamente, mesmo com tanta gente.
O pai estava à minha espera na área de desembarque. Corri para ele e saltei-lhe para os braços.
-Papá! – Gritei, no meio daquele barulho todo.
-Prue! – Ele abraçou-me com força e mostrou-me que tudo ficaria bem.
Saltei do colo dele e se o pai não me segurasse cairia de rabo no chão o que não seria muito elegante, para uma chegada.
-Como estás, pai? – Perguntei, curiosa.
-Muito bem, querida. E tu?
-Também estou muito bem.
-Conta-me o que andavas a fazer, lá em Portugal? – Insistiu o pai.
-Um pouco de tudo. E tu? Tens muito trabalho na Marinha, Sr. Comandante? – Perguntei eu, com um sorriso.
-Deixei-os com as minhas obrigações. Aliás, é para isso que eu tenho subordinados.
-Se eu acreditasse no que dizes, pensaria que és um chauvinista, pai – brinquei.
-Bem, vamos indo. Só queria dizer-te antes que…bem…
-Tu namoras – acabei por ele.
-Como sabes? – O pai parecia embaraçado e espantado.
-Vê-se na tua cara, pai, estás mais feliz – retorqui eu, dando-lhe uma palmadinha nas costas. – Eu quero saber quem é que, finalmente, te prendeu.
-Chama-se Debbie e é muito linda.
Ele disse-o de uma maneira tão amorosa que eu dei por mim a sorrir de um jeito estúpido.
-Gostas dela? – Perguntei, sentindo-me ainda mais estúpida. Claro que gostava dela!
-Muito. Adoro-a. Há apenas uma pessoa a quem eu amo mais do que a ela – garantiu-me ele, abraçando-me. – Ela está a morar lá em casa.
O meu sorriso aumentou, desta vez, malicioso.
-Há quanto tempo? – O pai olhou-me, desconfiado. Eu ri. – Vais dar-me um irmãozinho?
Agora o pai parecia chocado. Como se eu tivesse cometido algum cri-me.
-Não é algo em que tenhamos pensado. Mas…tu…uh…
-Pai, calma. – Eu ri da cara dele. – Diz-me o que faz Debbie?
-Em que trabalha? – O pai sorriu. – É crítica literária.
-Como é que a conheceste? Ela não anda pelas bases da Marinha a ler, pois não? – Brinquei com ele.
-O meu antigo superior escreveu uma autobiografia e ela não gostou do que leu, então no dia do lançamento escreveu um comentário, num jornal a nível nacional, a dizer que certas pessoas não deveriam ocupar cargos elevados se não sabem sequer mentir direito. Jerks mandou-me investigá-la e acabou por pedir reformar-se, alegando cansaço. Fui promovido e fiquei com Debbie.
-Acho que vou gostar dela, afinal, foi uma das causas da promoção do meu pai… além de o fazer muito feliz…
-Muito mesmo.
Debbie estava à nossa espera no enorme 4X4 do pai. Falava rapida-mente ao telemóvel e tirava apontamentos num pequeno bloco de notas.
-Deve ter trabalho. Ela trabalha a partir de casa – informou o pai e depois fingiu uma careta inconformada. – Agora estão sempre a chegar livros a casa…
-E tu muito ralado com isso!
-Bem…assim temos vários livros que não lemos…ou eu não leio. Mas é bom ter variedade.
-Comandante Jones – chamou alguém, atrás de nós.
O pai virou-se, pronto para qualquer situação, mas eu vi apenas um rapaz a caminhar na nossa direcção.
Mas então percebi que não podia ser apenas um rapaz. Era o rapaz mais bonito que eu algo vez tinha visto. E estava a sorrir educadamente para nós.
-Uh…Max? – Perguntou o pai, confuso. – O que fazes aqui?
-Ia almoçar com os meus pais e a minha moto avariou, à entrada do aeroporto.
-Precisas de ajuda? – Perguntou Mark.
-Parece que sim – respondeu o rapaz, o sorriso espalhando-se pelo seu rosto. – Parece que a minha moto não quer pegar. Importa-se de me ajudar? Não queria metê-la nas mãos de qualquer um…
-Eu posso dar uma vista de olhos à tua Harley. Prue, querida, dás-me só um segundo…
-Uma Harley? – Repeti, maravilhada. Nunca tinha visto uma Harley ao vivo. - Posso ver?
-Porque não? – Respondeu o pai, rolando os olhos. – Pode ser, Max? Já agora, Max é a minha filha Prue. Querida, o Max é um amigo, além de ser o filho do dono do Banco de Cravenwoods.
-Prazer – disse eu, com um sorriso.
-O prazer é meu. – Embora ele estivesse a ser simpático para mim, eu percebia uma certa distância, como se eu estivesse a mais ali. Eu não ia retirar a oferta do pai, nunca na vida. Eu queria ver a Harley dele. – Claro que sim. Eu consegui puxá-la para a berma da estrada, mas mesmo assim, tenho medo que congestione o trânsito.
-Fazes ideia do que é que seja? – Perguntou o pai tirando o casaco de couro, enquanto andávamos pela rua.
-Pode ser o óleo na correia. Devia tê-la oleado na semana passada, mas passou-me completamente. Eu podia fazê-lo sozinho, mas vou jantar com os meus pais esta noite, e o Comandante conhece-os, não iam achar piada se eu fosse completamente coberto de óleo de motor. Mesmo que vá de jeans.
-Por falar neles, como estão? – Interrogou o pai, num tom jovial.
-Não faço ideia. Não estou com eles há algum tempo – respondeu ele, despreocupadamente. – Não sei porque me convidaram para jantar com eles hoje.
-Não tenho estado com o teu pai. Ele não tem passado muito tempo no Banco, pois não?
-Acho que não. Sabe que já não moro com eles, Comandante.
-Sim, claro. Eu sei que é um assunto delicado, Max…
-É um assunto sobre o qual não quero falar, Comandante – cortou ele, friamente.
Saímos, seguindo o Max. Estava uma noite calma no aeroporto. A lua cheia encontrava-se bem alta no céu, iluminando bem o caminho, as árvo-res estavam quietas com a brisa inexistente.
– Bem, a minha moto está ali. Acho que temos visibilidade suficiente e não tem muitos carros… - começou Max.
Ele tinha parado a moto debaixo de um poste de iluminação. Não podia ser assim tão estúpido, pensei. Ao menos, parecia saber contar, pensei irónica, para mim mesma.
Aquilo sim era uma moto verdadeira, não aquelas amostras que eu via na rua, em Portugal. Uma Harley era tudo o que alguém que gostasse de velocidade queria ter.
Uma rápida olhadela na correia do motor e percebi imediatamente que não o problema não era esse.
Eu não queria mostrar-me muito inteligente, mas se eu não dissesse o que sabia, ia deixá-los metade da noite a pensar.
-Pai – chamei, com uma voz concentrada, parando à beira da moto. – Pode ser do filtro do carburador.
Depois de pensar durante uns instantes, o pai acabou por concordar.
-Há quanto tempo é que não o limpas, Max?
-Eu limpo-o de meio em meio ano, mas se calhar já estou atrasado… - ele olhava-me tão espantado como se me tivesse nascido uma cauda naquele preciso momento.
-A sorte é que só é preciso limpá-lo – retorquiu o meu pai, olhando a t-shirt branca dele. – Mas vais ficar todo sujo…
-Então, não vou poder ir jantar com os meus pais…que pena – respondeu ele, sarcástico.
-Não tens aí nenhum pano, pois não? – Perguntou o pai a Max.
-Por acaso não…mas se precisar de um pano...pode usar a minha camisola…
-Eu tenho uma coisa na minha mala que pode servir de pano, pai – avisei, rapidamente.
-Bem…posso ir buscar o jipe para aqui…é mais fácil do que levar a moto para lá. Além disso, já ficas no teu caminho, Max.
-Se calhar não vou jantar com eles. Vou ligar-lhes, enquanto vocês vão buscar o 4X4. Estou cansado demais para suportar as conversas fúteis deles.
-Tu é que sabe.
-E aproveito e ligo ao velho Jim para ver se ele vem buscar a moto. Não estou com paciência para conduzir.
-Nós levamos-te a casa, Max. Apenas vamos resolver isso – ofereceu o pai.
-Mas…
-Eu insisto. Vou ficar preocupado se ficares muito tempo fora de casa!
-Eu tenho dezoito anos – resmungou ele, entre dentes. – Não sou propriamente uma criancinha, Comandante.
-Só não me deixes preocupado com o bem-estar de um amigo. Além disso, moras quase há nossa beira. Agora, eu e a Prue vamos buscar o 4X4 e vimos já.
Eu limitei-me a seguir o pai de volta ao Aeroporto.
-Como sabias que era o filtro do carburador que estava sujo? – Per-guntou-me ele, quando já estávamos a chegar ao jipe.
-A correia está bem oleada. Como se tivesse sido limpa hoje de manhã. Além disso, o problema daquelas motos é que o filtro é relativa-mente pequeno e, mesmo com uma limpeza regular, pode entupir facilmente.
-Aprendeste umas coisinhas, lá em Portugal… – Disse o pai, divertido.
-Algumas – admitam, com um sorriso. – Também aprendi a conduzir, embora não tenha idade lá. Mas não te vou pedir para conduzir o jipe hoje.
-É um carro grande… - contrariou o pai. – E quem te ensinou a conduzir?
-Um amigo – respondi, com um enorme sorriso na cara. – E tu, indi-rectamente. Além disso, aprendi umas coisitas de mecânica quando escrevi um comentário para uma revista de motos sobre as minhas motos preferidas. Falei sobre a Harley.
-Que sorte a nossa! Poderíamos ter ficado a noite toda à procura da avaria…por falar em avarias, o que é que tens na mala que possa servir de pano?
-Uma coisa que nunca na vida vestiria – respondi, pensando no vestido branco e curto que a mãe e o marido me tinham dado, no Natal.
-Está bem. Deve ser alguma ideia da tua mãe. Não te censuro… - disse o pai, na brincadeira.
Debbie estava à nossa espera à porta do 4X4.
-Então? – Disse, suavemente, quando nos aproximamos. – Problemas?
-O Max teve um problema com a moto dele e pediu-me ajuda – expli-cou o pai, virando-se, depois para mim. – Debbie, a minha filha, Prue. Prue esta é a Debbie, a minha namorada.
-Prazer em conhecer-te, Debbie. Ouvi dizer que prendeste o pai – cumprimentei eu, com um sorriso verdadeiro.
-Pois… - disse ela, um bocado embaraçada. – Acho que foi ele quem me prendeu, mas também gosto de pensar que fui eu. O prazer é meu, Prue. E bem-vinda a Cravenwoods.
-Obrigada, Sra. Crítica Literária – brinquei.
-Por falar nisso…novo livro para ler – avisou ela. – Ainda não saiu.
-Posso ler? – Perguntei entusiasmada. – É sobre quê?
-Um romance policial, sobre uma série de mortes, um polícia muito atraente e uma advogada especial. E claro que podes ler. Gosto de uma segunda crítica quando estou a fazer o meu trabalho.
-Não podias ter encontrado melhor sócia, Debbie – elogiou-me o pai. – Não sei como é que tu consegues ter tanta coisa na tua cabeça, querida!
-Anos de prática, pai. Mas vamos ajudar o teu amigo, antes que ele desapareça!
-É o Max? – Perguntou Debbie, com um sorriso malicioso na minha direcção.
-Sim – respondeu o meu pai.
-Então, vamos ajudá-lo – concordou Debbie. – O Semour trouxe as malas da Prue. Já estão no porta-bagagem.
-O Semour é um óptimo agente – elogiou o pai. Bem, pensei eu, o Semour tem um nome esquisito.
Entrei para o banco de trás e o pai arrancou em direcção à saída do Aeroporto.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ei people

Sou de novo... duas vezes no mesmo dia é obra :D
Só passei para dizer para visitarem: www.awilloflove.blogspot.com
Beijinhos,
Lils.

Capítulo 2: A Prometida


-Ela está a chegar – anunciou Kendra, saindo do transe.
-Desculpa? – Perguntou Max, parando os exercícios de concentração.
-A Prometida está a caminho.
Max virou-se para a anciã com uma expressão interrogativa nos belos olhos ver-des. A Prometida era o assunto preferido dela, mas nunca dava pormenores.
-Está a nascer – insistiu Max.
Kendra expirou fortemente.
-Ela já nasceu há dezassete anos e alguns meses, Maxfield. Não ouves nada do que digo?
Com um careta, Max foi sentar-se ao pé dela. Detestava quando o tratavam por Maxfield. Não sabia exactamente quantos anos é que Kendra tinha, mas tinha os anos suficientes para toda a gente da cidade a conhecer, embora não o aparentasse.
-Claro que te ouço Kendra. Conta-me tudo – não que acreditasse na lenda da Prometida, mas gostava de a ouvir falar.
-Um dia, há muitos anos atrás, eu tive uma visão. E, nessa visão, percebi que iria nascer alguém, uma rapariga, que seria a mais forte de todos e que…
-Kendra – chamou o saoiste . – Essa história já foi contada muitas vezes.
-Cathal, preciso falar com os anciões – disse Kendra, levantando-se agilmente, contrariando a idade.
-Kendra…
-Não, Cathal, já chegou o momento de deixarem de lado todos os vossos pre-conceitos machistas. A Prometida está a vir. E, neste momento, está num avião, com um deles!
-Um deles? – Perguntou Cathal, chocado. – Temos de chamar os outros. Lem-braste da profecia?
-Como se tivesse sido ontem – confirmou Kendra. – Não precisas de ir buscar o livro, Cathal. Estarei no círculo dentro de cinco minutos.
Ninguém se livrara de Cathal com tanta rapidez como Kendra. O saoiste virou-lhes costas e caminhou em direcção ao círculo sagrado.
-Continua a treinar, menino – Kendra, levantou-se e olhou para Max. – Estás a ir muito bem. Tenta destruir aquela rocha. Quando voltar quero ver os resultados.
Se havia coisa que Max nunca recusava era um desafio.
Concentrou toda a sua atenção na rocha que estava a três metros de distância, fechou os olhos e visualizou a pedra intacta na sua mente, depois toda desfeita, num monte de pó.
Um segundo depois, ouviu uma explosão. Abriu os olhos, com um sorriso estampado na cara.
A pedra estava completamente desfeita e alguns miúdos tinham parado para o observar.
Ele nunca fazia coisas dessas em público. Se tivesse de errar, fá-lo-ia em priva-do, para corrigir o erro.
Já tinha dezoito anos! Pensou com orgulho, já podia fazer o que quisesse não só humanamente mas também em relação ao que ele era.
Queria ser o melhor e ia ser o melhor.
Mas, se a história da Prometida fosse verdadeira…então tinha de contentar-se em ser o segundo. Não gostava de perder, mas percebia que, se a Prometida existisse mesmo, ela não escolhera sê-lo.
Claro que sabia que, o nível em que estava era superior ao que seria de esperar. Ainda nenhum dos outros da sua idade conseguia destruir apenas o objecto em que se concentrava.
Ainda não podia comparar-se a Kendra ou a Cathal, mas chegaria lá.
A profecia dizia que, quando a Prometida chegasse, traria a paz entre os dois mundos. Bem, ultimamente não tinha havido paz, pensou Max.
Eles também estavam à procura dela.
Mesmo gostando muito de Kendra e ter aprendido muito com ela, Max não acre-ditava muito na lenda da profecia, sim, porque era uma lenda. Kendra não podia viver há mais de quinhentos anos e ter uma aparência de quarenta. Era humanamente impossível, mas como ele já percebera que não havia nada impossível, não sabia em que acreditar.

-Não podemos deixar isso acontecer! – Reclamou Fergus, olhando cada um dos quatro mestres nos olhos. – Não podemos deixar que eles nos tirem a Prometida.
-Ainda não podemos fazer nada – avisou Niall. – É muito cedo, e nem sequer sabemos quem é Prometida.
-Niall tem razão, Fergus – apoiou Feargal. – É cedo…
-Eu sei quem é a Prometida – interrompeu Kendra, levantando-se.
-Como é que sabes? – Perguntou Cathal, olhando-a intensamente.
-Sempre soube. Mas na altura não havia necessidade de o revelar. Também sabia que só passados quinhentos anos a profecia se realizaria. Não podemos fazer nada em relação à primeira parte da profecia, mas a segunda parte diz que o jovem mais avançado na aprendizagem seria o seu guardião e, se ele for bem sucedido, ganhará mais do que o simples equilíbrio.
-O que ele poderá querer mais que o equilíbrio? – Perguntou Fergus, cáustico.
-Algo que tu nunca tiveste, caro Fergus – respondeu Kendra, suavemente. – Melhor, algo que nunca quiseste.
Fergus olhou-a duramente mas, quando ia respondeu, Cathal silenciou-o.
-Por favor, não é altura para essas discussões. Não podem deixar os vossos problemas fora do círculo? O que poderemos fazer?
-Eu digo-vos. O melhor jovem que temos é o Max.
-O Maxfield? – Exclamou Feargal, o mais novo dos cinco. – Mas…
-Olhem para o vale onde ele está. Vêm a pedra despedaçada? Ele, apenas com a mente, conseguiu destruí-la. Só a pedra, nada mais. Quanto tempo algum de nós os cinco demorou para conseguir fazer uma coisa dessas?
-O Max é… - começou Niall.
-Perfeito para o trabalho – concordou Cathal. – Ele ainda está céptico. Não acho que acredite na lenda da Prometida e tem ambição suficiente para querer fazer tudo direitinho. E se cair na tentação…eu sei que ele vai lutar contra o desejo, se o sentir. Mas ninguém o pode impedir. O que tiver de ser, será.
-O Max fará tudo direito – prometeu Kendra. – Podem contar com isso. Eu vou chamá-lo.
Kendra esticou o braço e uma linda ave pousou.
-Vai chamar o Max, Dana, vai chamá-lo para aqui – Kendra passou um dedo pela plumagem branca da ave e soltou-a.
Max viu Dana, soube imediatamente que era para ele. Que Kendra queria falar com ele.
-Então Dana? – Chamou ele. – Kendra quer falar comigo?
A enorme ave pousou a cabeça no ombro de Max e piou.
-Eles estão no círculo?
A ave piou mais uma vez, em assentimento e Max dirigiu-se para dentro da flo-resta a Este do vale.
Quando Max chegou ao círculo sagrado, viu os cinco sentados na mesa redonda, a olhá-lo seriamente. Como que a avaliá-lo.
-Cheguei – anunciou o jovem.
-Achas que consegues tomar para ti uma tarefa que poria nas tuas mãos o des-tino de todos nós? – Perguntou Cathal, muito sério.
Max pensou durante um ou dois minutos. Uma tarefa? Algo importante?
-Que tipo de tarefa? – Perguntou ele, ousadamente. Ninguém mais tinha cora-gem de pedir ao saoiste para se justificar, não alguém que não fora treinado por Ken-dra. Ela sempre dizia que se havia algo com que alguém não concordasse, tinha o dever de falar.
-Proteger a Prometida – esclareceu Cathal.
Concentrado nos seus pensamentos, Max percebeu que se fosse bem sucedido seria para sempre lembrado como o guardião da Prometida. Embora não acreditasse nessa história.
-O que tenho de fazer?
-Certifica-te que nenhum dos outros chega ao pé dela, até ela completar dezoito anos. Apenas isso – esclareceu Fergus. Salientando depois: - Não é nada pessoal.
Max pestanejou. Pessoal? O mais importante seria o sucesso da tarefa.
-Nada será pessoal, Fergus – garantiu ele. – Eu apenas cumpro ordens. Nada mais do que isso.
-Vem comigo Max – pediu Kendra, levantando-se. – Dir-te-ei o que tens de fazer.
Ele seguiu-a até ao vale, onde ela parou no meio e virou-se para ele.
-O que tens de fazer não é simples, Max. Não podes deixar que nenhum deles se aproxime dela – enquanto falava, Kendra ia avançando pelo vale, passando pelo seu próprio vento fustigante e pela tempestade que criara. Dois metros à frente, o céu estava limpo e claro, como num dia de Verão. – Eles não têm os nossos poderes, mas também são capazes de nos controlar e de se esquivarem. Quero que estejas muito atento, Max. Sempre. Eles são capazes de tudo. Vão tentar levar a Prometida. Raptá-la, antes e depois de ter completado os dezoito anos. Se eles conseguirem levá-la para o lado deles, então, meu amigo, estamos acabados.
-Tudo o que tenho de fazer é estar atento ao que se passa à volta dela? - Per-guntou Max, achando a tarefa acessível, demasiado acessível.
-Desde sempre tiveste muito controlo, Maxfield. Mesmo quando descobriste os teus poderes, controlaste-os muito bem. Ela pode não ser assim. Eu sei que ela vai ser a feiticeira mais forte de sempre, mas pode não se habituar tão facilmente. Quero que tenhas isso em atenção, Maxfield. E, acima de tudo, ouve o teu coração. Ele dir-te-á o caminho a seguir.
-O coração não pode ser seguido, Kendra. Ele falha. Muitas vezes. Não posso confiar nele se começar a falhar – o cepticismo de Max era algo que Kendra não per-cebia. – Mas prometo-te que tomarei bem conta dela.
-Não a deixes fazer asneiras, Maxfield. Quando ela perceber a enormidade dos seus poderes…
-Eu sei, Kendra. Pode não aceitar como eu aceitei.
Depois de pensar durante uns segundos, Max percebeu que ainda não sabia quem é que a suposta Prometida era.
-Kendra…quem é que eu tenho de vigiar? Ainda não me disseste.
-Agora vem a parte mais divertida – disse Kendra, com uma gargalhada na sua voz melodiosa. – A Prometida é a jovem mais esperada na cidade.
-O quê? – Exclamou Max. – Não me estás a dizer que a Prometida é ela, pois não? Kendra, só podes estar a brincar. Depois de tudo o que se ouviu sobre atrair sari-lhos…
-Maxfield! Não pode ser assim tão mau. Além disso, a percepção dos poderes não te dá só os poderes adicionais! Tu não notaste porque já tinhas, mas a destreza física também faz parte do pacote.
-E a destreza mental? – Escarneceu Max.
-Ela tem uma destreza mental superior à que tu consegues imaginar, Maxfield. Não sejas preconceituoso, meu querido. A vida dela não é um mar de rosas e tu vais compreendê-lo. As razões para ela se mudar para aqui são legítimas. Ninguém pode contestar isso.
-O pai dela adora-a – salientou Max.
-Acima de tudo – concordou Kendra. – Mas ela não vive com ele, pois não? Não estou a dizer que a mãe dela foi uma má mãe, apenas não tomou as decisões correc-tas. E isso magoou-a mais que qualquer castigo corporal.
-Ninguém a vai magoar enquanto eu estiver a tomar conta dela – prometeu Max, sério.
Costumava cumprir as suas promessas, pensava enquanto se dirigia à sua casa, mas tinha as suas dúvidas quanto a esta. Conseguiria mesmo proteger aquela rapariga do futuro que se aproximava? Se fosse mesmo verdade e ela fosse mesmo a Pro-metida, então ele teria muito trabalho.
Entrou na enorme casa e foi directo ao seu quarto. Antes, morava com os pais, mas como eles não foram muito receptivos quando souberam que era especial, ele mudara-se para a casa da família, no extremo da cidade, juntando-se à avó e à tia, como “renegado”. Agora, morava ali com elas e quatro empregados. Mas, morar com a avó e com a tia Marianne era como morar sozinho. Elas seguiam o caminho delas e ele seguia o seu próprio caminho.
Claro que a sua família era rica. Muito rica, mas ele não se interessava muito pelo dinheiro. A única coisa que queria era ser distinguido por ele próprio, não pelo conteúdo da sua carteira ou conta bancária. Os pais apenas pensavam em proteger o bom nome da família.
No duche deixou de lado todos os pensamentos que tinha na cabeça e relaxou durante cinco minutos. Trocou os calções por um par de jeans e uma t-shirt e voltou a sair de casa.
Na garagem, escolheu a Harley que o aguardava ansiosamente. Gostava de a conduzir porque conseguia sentir o vento no corpo, era algo que lhe dava imenso pra-zer. Fazia-o sentir-se livre.
Conduziu até ao Aeroporto de Washington e ficou à espera.