sábado, 16 de janeiro de 2010

Ei people

Sou de novo... duas vezes no mesmo dia é obra :D
Só passei para dizer para visitarem: www.awilloflove.blogspot.com
Beijinhos,
Lils.

Capítulo 2: A Prometida


-Ela está a chegar – anunciou Kendra, saindo do transe.
-Desculpa? – Perguntou Max, parando os exercícios de concentração.
-A Prometida está a caminho.
Max virou-se para a anciã com uma expressão interrogativa nos belos olhos ver-des. A Prometida era o assunto preferido dela, mas nunca dava pormenores.
-Está a nascer – insistiu Max.
Kendra expirou fortemente.
-Ela já nasceu há dezassete anos e alguns meses, Maxfield. Não ouves nada do que digo?
Com um careta, Max foi sentar-se ao pé dela. Detestava quando o tratavam por Maxfield. Não sabia exactamente quantos anos é que Kendra tinha, mas tinha os anos suficientes para toda a gente da cidade a conhecer, embora não o aparentasse.
-Claro que te ouço Kendra. Conta-me tudo – não que acreditasse na lenda da Prometida, mas gostava de a ouvir falar.
-Um dia, há muitos anos atrás, eu tive uma visão. E, nessa visão, percebi que iria nascer alguém, uma rapariga, que seria a mais forte de todos e que…
-Kendra – chamou o saoiste . – Essa história já foi contada muitas vezes.
-Cathal, preciso falar com os anciões – disse Kendra, levantando-se agilmente, contrariando a idade.
-Kendra…
-Não, Cathal, já chegou o momento de deixarem de lado todos os vossos pre-conceitos machistas. A Prometida está a vir. E, neste momento, está num avião, com um deles!
-Um deles? – Perguntou Cathal, chocado. – Temos de chamar os outros. Lem-braste da profecia?
-Como se tivesse sido ontem – confirmou Kendra. – Não precisas de ir buscar o livro, Cathal. Estarei no círculo dentro de cinco minutos.
Ninguém se livrara de Cathal com tanta rapidez como Kendra. O saoiste virou-lhes costas e caminhou em direcção ao círculo sagrado.
-Continua a treinar, menino – Kendra, levantou-se e olhou para Max. – Estás a ir muito bem. Tenta destruir aquela rocha. Quando voltar quero ver os resultados.
Se havia coisa que Max nunca recusava era um desafio.
Concentrou toda a sua atenção na rocha que estava a três metros de distância, fechou os olhos e visualizou a pedra intacta na sua mente, depois toda desfeita, num monte de pó.
Um segundo depois, ouviu uma explosão. Abriu os olhos, com um sorriso estampado na cara.
A pedra estava completamente desfeita e alguns miúdos tinham parado para o observar.
Ele nunca fazia coisas dessas em público. Se tivesse de errar, fá-lo-ia em priva-do, para corrigir o erro.
Já tinha dezoito anos! Pensou com orgulho, já podia fazer o que quisesse não só humanamente mas também em relação ao que ele era.
Queria ser o melhor e ia ser o melhor.
Mas, se a história da Prometida fosse verdadeira…então tinha de contentar-se em ser o segundo. Não gostava de perder, mas percebia que, se a Prometida existisse mesmo, ela não escolhera sê-lo.
Claro que sabia que, o nível em que estava era superior ao que seria de esperar. Ainda nenhum dos outros da sua idade conseguia destruir apenas o objecto em que se concentrava.
Ainda não podia comparar-se a Kendra ou a Cathal, mas chegaria lá.
A profecia dizia que, quando a Prometida chegasse, traria a paz entre os dois mundos. Bem, ultimamente não tinha havido paz, pensou Max.
Eles também estavam à procura dela.
Mesmo gostando muito de Kendra e ter aprendido muito com ela, Max não acre-ditava muito na lenda da profecia, sim, porque era uma lenda. Kendra não podia viver há mais de quinhentos anos e ter uma aparência de quarenta. Era humanamente impossível, mas como ele já percebera que não havia nada impossível, não sabia em que acreditar.

-Não podemos deixar isso acontecer! – Reclamou Fergus, olhando cada um dos quatro mestres nos olhos. – Não podemos deixar que eles nos tirem a Prometida.
-Ainda não podemos fazer nada – avisou Niall. – É muito cedo, e nem sequer sabemos quem é Prometida.
-Niall tem razão, Fergus – apoiou Feargal. – É cedo…
-Eu sei quem é a Prometida – interrompeu Kendra, levantando-se.
-Como é que sabes? – Perguntou Cathal, olhando-a intensamente.
-Sempre soube. Mas na altura não havia necessidade de o revelar. Também sabia que só passados quinhentos anos a profecia se realizaria. Não podemos fazer nada em relação à primeira parte da profecia, mas a segunda parte diz que o jovem mais avançado na aprendizagem seria o seu guardião e, se ele for bem sucedido, ganhará mais do que o simples equilíbrio.
-O que ele poderá querer mais que o equilíbrio? – Perguntou Fergus, cáustico.
-Algo que tu nunca tiveste, caro Fergus – respondeu Kendra, suavemente. – Melhor, algo que nunca quiseste.
Fergus olhou-a duramente mas, quando ia respondeu, Cathal silenciou-o.
-Por favor, não é altura para essas discussões. Não podem deixar os vossos problemas fora do círculo? O que poderemos fazer?
-Eu digo-vos. O melhor jovem que temos é o Max.
-O Maxfield? – Exclamou Feargal, o mais novo dos cinco. – Mas…
-Olhem para o vale onde ele está. Vêm a pedra despedaçada? Ele, apenas com a mente, conseguiu destruí-la. Só a pedra, nada mais. Quanto tempo algum de nós os cinco demorou para conseguir fazer uma coisa dessas?
-O Max é… - começou Niall.
-Perfeito para o trabalho – concordou Cathal. – Ele ainda está céptico. Não acho que acredite na lenda da Prometida e tem ambição suficiente para querer fazer tudo direitinho. E se cair na tentação…eu sei que ele vai lutar contra o desejo, se o sentir. Mas ninguém o pode impedir. O que tiver de ser, será.
-O Max fará tudo direito – prometeu Kendra. – Podem contar com isso. Eu vou chamá-lo.
Kendra esticou o braço e uma linda ave pousou.
-Vai chamar o Max, Dana, vai chamá-lo para aqui – Kendra passou um dedo pela plumagem branca da ave e soltou-a.
Max viu Dana, soube imediatamente que era para ele. Que Kendra queria falar com ele.
-Então Dana? – Chamou ele. – Kendra quer falar comigo?
A enorme ave pousou a cabeça no ombro de Max e piou.
-Eles estão no círculo?
A ave piou mais uma vez, em assentimento e Max dirigiu-se para dentro da flo-resta a Este do vale.
Quando Max chegou ao círculo sagrado, viu os cinco sentados na mesa redonda, a olhá-lo seriamente. Como que a avaliá-lo.
-Cheguei – anunciou o jovem.
-Achas que consegues tomar para ti uma tarefa que poria nas tuas mãos o des-tino de todos nós? – Perguntou Cathal, muito sério.
Max pensou durante um ou dois minutos. Uma tarefa? Algo importante?
-Que tipo de tarefa? – Perguntou ele, ousadamente. Ninguém mais tinha cora-gem de pedir ao saoiste para se justificar, não alguém que não fora treinado por Ken-dra. Ela sempre dizia que se havia algo com que alguém não concordasse, tinha o dever de falar.
-Proteger a Prometida – esclareceu Cathal.
Concentrado nos seus pensamentos, Max percebeu que se fosse bem sucedido seria para sempre lembrado como o guardião da Prometida. Embora não acreditasse nessa história.
-O que tenho de fazer?
-Certifica-te que nenhum dos outros chega ao pé dela, até ela completar dezoito anos. Apenas isso – esclareceu Fergus. Salientando depois: - Não é nada pessoal.
Max pestanejou. Pessoal? O mais importante seria o sucesso da tarefa.
-Nada será pessoal, Fergus – garantiu ele. – Eu apenas cumpro ordens. Nada mais do que isso.
-Vem comigo Max – pediu Kendra, levantando-se. – Dir-te-ei o que tens de fazer.
Ele seguiu-a até ao vale, onde ela parou no meio e virou-se para ele.
-O que tens de fazer não é simples, Max. Não podes deixar que nenhum deles se aproxime dela – enquanto falava, Kendra ia avançando pelo vale, passando pelo seu próprio vento fustigante e pela tempestade que criara. Dois metros à frente, o céu estava limpo e claro, como num dia de Verão. – Eles não têm os nossos poderes, mas também são capazes de nos controlar e de se esquivarem. Quero que estejas muito atento, Max. Sempre. Eles são capazes de tudo. Vão tentar levar a Prometida. Raptá-la, antes e depois de ter completado os dezoito anos. Se eles conseguirem levá-la para o lado deles, então, meu amigo, estamos acabados.
-Tudo o que tenho de fazer é estar atento ao que se passa à volta dela? - Per-guntou Max, achando a tarefa acessível, demasiado acessível.
-Desde sempre tiveste muito controlo, Maxfield. Mesmo quando descobriste os teus poderes, controlaste-os muito bem. Ela pode não ser assim. Eu sei que ela vai ser a feiticeira mais forte de sempre, mas pode não se habituar tão facilmente. Quero que tenhas isso em atenção, Maxfield. E, acima de tudo, ouve o teu coração. Ele dir-te-á o caminho a seguir.
-O coração não pode ser seguido, Kendra. Ele falha. Muitas vezes. Não posso confiar nele se começar a falhar – o cepticismo de Max era algo que Kendra não per-cebia. – Mas prometo-te que tomarei bem conta dela.
-Não a deixes fazer asneiras, Maxfield. Quando ela perceber a enormidade dos seus poderes…
-Eu sei, Kendra. Pode não aceitar como eu aceitei.
Depois de pensar durante uns segundos, Max percebeu que ainda não sabia quem é que a suposta Prometida era.
-Kendra…quem é que eu tenho de vigiar? Ainda não me disseste.
-Agora vem a parte mais divertida – disse Kendra, com uma gargalhada na sua voz melodiosa. – A Prometida é a jovem mais esperada na cidade.
-O quê? – Exclamou Max. – Não me estás a dizer que a Prometida é ela, pois não? Kendra, só podes estar a brincar. Depois de tudo o que se ouviu sobre atrair sari-lhos…
-Maxfield! Não pode ser assim tão mau. Além disso, a percepção dos poderes não te dá só os poderes adicionais! Tu não notaste porque já tinhas, mas a destreza física também faz parte do pacote.
-E a destreza mental? – Escarneceu Max.
-Ela tem uma destreza mental superior à que tu consegues imaginar, Maxfield. Não sejas preconceituoso, meu querido. A vida dela não é um mar de rosas e tu vais compreendê-lo. As razões para ela se mudar para aqui são legítimas. Ninguém pode contestar isso.
-O pai dela adora-a – salientou Max.
-Acima de tudo – concordou Kendra. – Mas ela não vive com ele, pois não? Não estou a dizer que a mãe dela foi uma má mãe, apenas não tomou as decisões correc-tas. E isso magoou-a mais que qualquer castigo corporal.
-Ninguém a vai magoar enquanto eu estiver a tomar conta dela – prometeu Max, sério.
Costumava cumprir as suas promessas, pensava enquanto se dirigia à sua casa, mas tinha as suas dúvidas quanto a esta. Conseguiria mesmo proteger aquela rapariga do futuro que se aproximava? Se fosse mesmo verdade e ela fosse mesmo a Pro-metida, então ele teria muito trabalho.
Entrou na enorme casa e foi directo ao seu quarto. Antes, morava com os pais, mas como eles não foram muito receptivos quando souberam que era especial, ele mudara-se para a casa da família, no extremo da cidade, juntando-se à avó e à tia, como “renegado”. Agora, morava ali com elas e quatro empregados. Mas, morar com a avó e com a tia Marianne era como morar sozinho. Elas seguiam o caminho delas e ele seguia o seu próprio caminho.
Claro que a sua família era rica. Muito rica, mas ele não se interessava muito pelo dinheiro. A única coisa que queria era ser distinguido por ele próprio, não pelo conteúdo da sua carteira ou conta bancária. Os pais apenas pensavam em proteger o bom nome da família.
No duche deixou de lado todos os pensamentos que tinha na cabeça e relaxou durante cinco minutos. Trocou os calções por um par de jeans e uma t-shirt e voltou a sair de casa.
Na garagem, escolheu a Harley que o aguardava ansiosamente. Gostava de a conduzir porque conseguia sentir o vento no corpo, era algo que lhe dava imenso pra-zer. Fazia-o sentir-se livre.
Conduziu até ao Aeroporto de Washington e ficou à espera.